quinta-feira, 15 de julho de 2010

O time dos sonhos


A Copa do Mundo 2010, na África do Sul, foi embora. O Campeonato brasileiro começou. Que pena!
Que saudades dos jogadores lindos, atléticos e talentosos mundo a fora. Muitos, mais bonitos que talentosos. Outros tantos ficaram no banco, escondidos. Para o goleiro e namoradinho do mundo, Iker Casillas, beleza e talento andam juntos em seus 1,84m. Quem dera receber aquele beijaço ao vivo que ele deu na jornalista e namorada Sara Carbonero!
Para matar a saudade, fiz uma seleção do que atraiu mais os meus olhos e realmente me deixou com saudades. Afinal, não é todo dia que se reunem 704 atletas de 32 países para a gente apreciar.

Se os homens gostam de futebol. As mulheres, além de apreciar o esporte (diga-se de passagem que o nível está bem ruim), também desfrutam de coxas vistosas, biceps e triceps malhados, barriga tanquinho. Enfim, todas as características essenciais de um homem que preza a aparência, pelo menos para efeito de colírio feminino. Mesmo que todos falem besteiras, tenham aquele discurso decorado, pronto para responder as perguntas sempre iguais dos jornalistas de plantão, eles batem um bolão quando o assunto é: virilidade e beleza.

Meninas, sei que posso decepcionar algumas, pois beleza tem muito a ver com os olhos de quem analisa. Já advirto, que além de saber se o fulano é atacante, meio-campo ou defensor, não consigo ir muito mais além das classificações. Nem a Fifa consegue, pois tirei todas essas beldades do site da federação.


Para finalizar, desejo um bom apetite virtual! E viva a Espanha, que nos deixou atacantes e goleiro de tirar o fôlego!


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

2012 – Vou esperar o fim do mundo lexotan

É um filme só para telonas, porque além de um ou outro efeito especial, como ondas gigantescas, que quase atingem o topo do Everest, não tem muita graça assistir na televisão doméstica. Diríamos que é um Independence Day reloaded, com inspiração maia.

Dessa vez, o presidente politicamente correto dos Estados Unidos, afunda junto com o seu país. Nunca imaginei que Obama iria envelhecer tanto. Danny Glover fez Obama amanhã. Segundo o filme, um presidente que sucumbe a um ultratsunami.

O G8-1 é quem decide se vai abrir as portas da esperança para os abastados que ficam fora na “Arca de Noé 4”. Porque pobre só entrou naquela nave/arca pelo esgoto.

O mais interessante nesse filme é talvez perceber que o eixo sai dos Estados Unidos, embora o comandante da nave ainda seja um americano. Mas não fosse a competência dos chineses para construir as “naves” talvez nada estivesse pronto entre 2009 e 2012, quando eles começam a se preparar para o cataclisma. “Eles” quer dizer os chefes de estado e supermilionários. O povo não teve tempo nem de cavar a própria cova.

Quem descobre tudo é um jovem cientista indiano. Adivinha o que acontece com ele? Você acha que havia tíquete para salvar um indiano em um bilhão? Façam as suas apostas. Sinto informar que só tinha ingresso para o G8. Ah, quem levou o assunto para que os Estados Unidos discutam com o G8 é um jovem cientista negro americano. Olha eles ai outra vez. Vejam se ele morre?

Ah, novidade. Dessa vez pouparam de mostrar a estátua da Liberdade destroçada. Quem escolheram como substituto: o nosso Cristo Redentor. Houve até tempo de fazer um merchandising verde amarelo. Com o mundo acabando, a Globo News estava lá para filmar a submersão do Rio, que virou o marzão de meu Deus.

Pasmem: o mundo acabando e os protagonistas fazendo piadinha o tempo todo. Nunca vi gente tão animada à beira da morte. Melhor assim.

O herói, interpretado por John Cusack, não é um militar, mas um escritor de livros sobre “fim do mundo”, auto-ajuda no final das contas. Não dá para dizer que ele é decadente, pois nunca subiu. Mas ele é o salvador de quase toda a humanidade.

Nunca pensei que sobreviver ao fim do mundo desse tanto trabalho: ir dos EUA à China em menos de 24 horas, com escalas. Prefiro capotar com um Lexotan que com uma tsunami.

O diretor Roland Emmerich adora épicos destrutivos. A semelhança com Independence Day não é por acaso. Tem no currículo além deste filme: O dia depois do amanhã, Godzilla, Stargate e O Patriota. Explodir é com ele mesmo. Em 2012 o estrago é maior, crateras se abrem no supermercado, placas de solo se descolam dantescamente, ondas de alturas inimagináveis engolem cidades. A tsunami de Sumatra não chega nem no dedinho dos pés. Só faltou uma câmera filmando a desgraça do espaço.

O filme é uma boa pedida para quem gosta de aventura, dá para desligar um pouquinho e voar com o aviazinho desembestado sobre o Yellowstone National Park, ver a destruição de perto. Ainda bem que é ficção.

Agora, precisamos nos preparar para 2012. Quem sabe conseguimos restaurar a Santa Maria, a Pinta e a Nina a tempo. Se formos contratar novamente os franceses, sinto que vamos afundar como no ano 2000. Em 2012, quem comandará o barco tupiniquim... hein, hein, hein....? Ano que vem a gente escolhe.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Olimpíadas no Rio: Se maquiar, estraga

Torço do fundo do coração para a capital carioca ser sede da Olimpíadas de 2.016. Talvez assim o governo pare de neglicenciar essa beleza natural e olhe mais para a pobreza que circula como uma zumbi nas ruas e morros da capital fluminense. O morro Dona Marta já demonstra sinais de recuperação. Um sobradinho rosa lá em cima do morro chama a atenção de quem anda por Botafogo. Dizem que é porque a polícia ocupou o local e porque levaram alguns projetos sociais para lá. Agora, até o aluguel subiu de preço. Esses são os comentários do povo que transita entre o asfalto e as ruas da comunidade.

Mesmo com as reformas nos corredores internos, a Rodoviária Grande Rio está longe de fazer jus às verdes matas que cobrem a Cidade Maravilhosa. Talvez os turistas das Olimpíadas não andem de ônibus, por isso a rodoviária deve dar para o gasto. Isso é pensar pequeno. Quem chega por lá encontra um Rio largado, que vive sob viadutos encardidos, entristecidos pelo tempo, pelo relaxo da gestão pública. Será que o Comitê Olímpico Internacional (COI) passou por lá? É triste de ver, principalmente para quem carrega a cidade no coração. Embora seja paulista, e amo a minha cidade, adoro as formações curvilíneas das montanhas, o sol radiante, a praia às seis da tarde, o calçadão de Copacabana, onde a regra é ser diferente.

Na praia, dois amigos discutem a efetividade de se jogar uma granada no tornozelo de alguém, se matou ou não matou fulando. Papo de assustar. Papo de praia de quem vive a vida por um fio. Papo de quem não viu o sol brilhar da janela mostrando um caminho possível, porque a dureza da infância deve ter tirado o sol de lá. Papo de quem foi esquecido pelo poder público, talvez até pela família, de quem não tinha lá muita opção de ser doutor. Ah, esse Brasil brasileiro, sempre com dois passos para frente e um para trás. Assim, não chega lá.

Na hora de ir embora, tristeza de deixar o sol para trás. Terror em ver que o avião quase cai no mar para manobrar e voar. Fica a uns 30 metros das pequeninas ondas de quebra mar. Precisam aumentar o Santos Dummont, senão nem o 14 Bis vai poder pousar. Talvez devam recriá-lo em outro lugar. Mas daí perderá a paisagem da Baia de Guanabara abrindo os braços para o mundo.

Tem muita coisa para melhorar. Mas maquiagem não adianta. Sai depois da festa. Acaba depois da alegria. Só o samba não morre.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Manhã Transfigurada não vale uma tarde

Em mais um dos meus périplos quartaferianos para assistir a um filme que caiba no meu horário tive uma daquelas decepções descomunais. Sem ter paciência de esperar pelo Anticristo, cuja próxima sessão estava uma hora adiante, preferi experimentar "Manhã Transfigurada". Quase chorei. Dessa vez, de tristeza.

Nada salva o filme, nem roteiro, nem fotografia, muito menos a atuação. O filme conta a história de uma ex-donzela, Camila, que apaixonada por um padre, se entrega a ele, quando a donzelice ainda era requisito para casar. Tudo acontece no final do século XIX, na cidade gaúcha de Santa Maria.

A moça, interpretada por Manuela do Monte, que atualmente faz uma ponta na novela global Paraíso, é obrigada a casar com um estancieiro para que a família não vá a bancarrota. Inconformada com o comportamento bronco de capitão Miguel, na noite de núpcias ela conta ao marido que não é mais virgem. A história só está começando. Segundo as "leis" da justiça católica, ela deve ficar trancada em casa, impossibilitada de sair. O marido pede a anulação do casamento e enquanto o resultado não sai, vai cuidar da estância.

Sozinha em casa, Camila forma um triângulo amoroso com o sacritão e o padre, os únicos que podem visitá-la. O resto é romantismo ingênuo, daqueles românticos de morrer, que me fizeram lembrar Camilo Castelo Branco. Provavelmente as histórias de Bianca e Sabrina, livretos ultraromânticos comprados em uma ou outra banca de jornal, sejam melhor opção.

O diretor , Sérgio Assis Brasil, é documentarista. "Manhã Transfigurada", que começou a rodar em 2002, seria sua estréia. No entanto, o diretor faleceu em dezembro de 2007. Nem conseguiu ver o seu filme nas telonas, pois ele só foi lançado em 2008.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Tempos de Paz é a catarse teatral nas telas do cinema


“Se você me fizer chorar em 10 minutos, você fica no Brasil”. Essa é a condição que o ex-torturador e agente de imigração Segismundo, intepretado por Toni Ramos, dá ao recém-chegado polonês Clausewitz, Dan Stulbach, para que ele fique no país. O encontro vai muito além da aprovação de um passaporte. Clausewitz chega falando um português fluente e com o passaporte declarando-se agricultor, mas sem um único calo nas mãos. Confundido com um espião nazista, o polonês é levado ao agente de imigração e encontra Segismundo atormentado com a idéia de ser perseguido por seus torturados, já que naquele dia foram libertados os presos políticos acusados de comunismo pelo governo Getúlio Vargas, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Cansado de ouvir histórias da guerra e com um coração de pedra, Segismundo pede que Clausewitz lhe emocione. Desiludido com a profissão de ator, que tinha antes da guerra, Clausewitz tenta encontrar as palavras exatas para explicar o que sofreu. Enquanto isso, Segismundo abre seu coração e conta o que fez de pior com os presos políticos durante a guerra.

É justamente nesse momento que o teatro entra em cena. Em um diálogo intenso e emocionante, Dan Stulbach e Tony Ramos dão uma aula de interpretação, transpondo para as telas o melhor da tragédia grega, a catarse teatral. Para retratar a guerra, não foi preciso trazer as cenas típicas de corpos magérrimos, com marcas de sangue e dor, mas a dor da tragédia é expressa em palavras, em gestos, em diálogos. Do outro lado do Atlântico, o filme mostra que o Brasil , que estava livre dos bombardeios, não podia dizer o mesmo da tortura no período getulista. Envolvente até o final, Tempos de Paz sai do senso comum dos filmes de guerra e mostra a humanização de um ex-torurador, que sempre cumprindo ordens, esqueceu de sonhar. Os dois atores fizeram somente transpor o sucesso da peça de teatro "Novas Diretrizes em Tempos de Paz", de Bosco Brasil.

As minhas lágrimas penderam naturalmente, efeitos da emoção de ver um filme brasileiro com tão poucos recursos visuais e com tanta densidade interpretativa, sob a batuta de Daniel Filho. Vale a pena assistir.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Tinha de ser esse filme

Já eram 17h18 quando resolvi descer do ônibus na esquina da Paulista com a Consolação, na quinta-feira, dia 24. Queria aproveitar que pago somente R$4 nesse dia para assistir qualquer filme que estivesse prestes a começar. Olhei para o luminoso e o primeiro filme da fila era às 18h. Ia ter de esperar mais de meia hora. Não desisti do meu objetivo. Olhei de novo. Ás 17h10 tinha começardo "Tinha de ser você". Já eram 17h22. Vi que era um filme com Dustin Hoffmann. Adoro ele desde os tempos de Tutsi, quando fez o papel de uma mulher, ou melhor, uma drag. Não me lembro muito bem. Mas dava muitas risadas.

A vendedora de bilhetes me disse que o filme tinha começado na prática fazia um minuto. Como não tinha nada melhor para fazer, resolvi arriscar. Afinal, o pior que poderia acontecer era eu odiar o filme ou não entender lhufas. Não sei se tem algo de inteligente nisso, mas consegui fazer as duas coisas...

Simples, realista, sutil, engraçado. A história de Harvey (Dustin Hoffmann) e Kate (Emma Thompson) é banal e podia acontecer ali mesmo, comigo, no cinema. Não aconteceu. O filme já me cativou de cara, porque começou no Heathrow, o aeroporto de Londres. Ai, que saudade... Foi lá que consegui o primeiro carimbo no meu passaporte.

É lá que Harvey encontra Kate pela primeira vez. Ela estava fazendo uma pesquisa com os passageiros. Ele acabava de chegar dos Estados Unidos, quando ela lhe perguntou se podia responder um questionário. Pior pergunta para se fazer para quem está com jet lag ou coisa parecida; "Estou cansado", respondeu.

O músico estava lá para o casamento da filha Susan. Distante de sua cria, ele perdeu o posto para o segundo marido de sua esposa, Brian, a ponto de Susan convocar o padrasto para levá-la ao altar. Com problemas no trabalho, Harvey mal teria tempo de assistir à cerimônia e muito menos para ficar para a festa de casamento. Tinha de voltar para os Estados Unidos para produzir jingles de comercial.

Um trânsito alucinante, mais para Nova Iorque que para Londres, o faz perder o vôo. Consequentemente, o emprego foi embora. Para afogar o péssimo dia, Harvey entra no bar do aeroporto e pede um Johnnie Walker. Abelhudo, percebe que a pesquisadora com quem tinha sido grosso no dia anterior estava lá. Pede desculpas à Kate e insiste em engrenar uma conversa. Tímida, atormentada pelos constantes telefonemas da mãe, ela desconversa. Por pouco tempo. Ele não desiste e acaba conquistando a moça.

Harvey a segue até o metrô, a acompanha ao curso de redação e a uma longa caminhada ao longo do Tâmisa. Ao fundo, lugares turísticos como o Big Ben, a Golden Bridge, o London Eye, roda gigante imensa que dá olhos a Londres. O casal desfruta da ampla calçada no lado Southwark, a parte mais pobre e cultural de Londres, onde ficam o Shakespeare´s Globe, o Tate Modern, o Aquarium e principalmente os artistas de rua. Kate e Harvey até param para curtir um grupo de rock adolescente. Uma batida para lá de típica na terra dos Beatles.

Kate se entrega ao carisma de Harvey. Ambos, deslocados no ambiente em que vivem, se encantam com a conversa de uma tarde toda. O papo se estende até á noite, na festa de casamento de Susan. O filme focaliza o charme da conquista. Nisso, Harvey é mestre... "Is this a hopeful signal", repete incansavelmente o conquistador otimista quando Kate dá um sorriso ou demonstra que vai ceder. As trapalhadas prosaicas do casal arrancam risos do público... E meus também. Afinal, valeu a pena!

Budapeste é Mesmo Amarela

Sofisticado, o filme Budapeste, dirigido por Walter Carvalho, capta a essência do livro de Chico Buarque, que lhe deu o nome. A disputa entre a fama e o anonimato se revela no atormentado José Costa (Leonardo Medeiros), um ghost writer (escritor fantasma), que divide-se entre Rio e Budapeste, entre a esposa e a amante, entre o português e o húngaro.

No Brasil, Costa não passa de um colecionador de sucessos anônimos. Ele dá fama a um turista alemão que lhe pagou para escrever um livro autobiográfico, mas esconde sua profissão até mesmo da esposa Vanda (Giovanna Antonelli), uma apresentadora de telejornal. Ela questiona incessantemente de nunca ter visto uma obra com o nome do marido. O apagamento da autoria incomoda Costa.

Convidado para um congresso internacional de ghost writers, ele ruma a Budapeste e se apaixona pela educadora de doentes mentais, Kriska (Gabrilla Hámori). “O húngaro não se aprende nos livros” diz a moça ao encontra-lo pela primeira vez em uma livraria, enquanto ele repetia frases de um livro didático. O desafio do autor-fantasma é aprender a nova língua e depois escrever. Seu mergulho é tão intenso que passa a atuar como ghost writer também em Budapeste. Mesmo do outro lado do Atlântico, o dilema de não ser reconhecido pelo que escreve e assistir o sucesso de seus livros da platéia o revolta. Durante outro congresso de ghost writers, reclama a autoria de um livro de poesias, mas volta ao Brasil as pressas por causa do passaporte vencido. Depois de um tempo vendo que até o seu sócio tinha virado um autor de sucesso, recebe um telefonema o convidando a retornar à Hungria: tudo por causa de seu livro, Budapeste.

Dialogando internamente, José Costa narra trechos da história, fazendo o filme caminhar nos mesmos passos lentos do livro. A câmera se desloca lentamente, procura ângulos dignos de cinema francês.

Carvalho apresenta a Budapeste amarela de Buarque com muita sensibilidade, usando e abusando da paisagem da cidade repousando ao longo do Danúbio. No mesmo rio em que o autor coloca a estátua de Lênin, partida em quatro grandes pedaços, deitada em uma balsa. O comunismo navega rio abaixo. O antigo regime vira de ponta cabeça ao passar pela ponte. A passagem não está no livro, mas se encaixa com perfeição no enredo. A fotografia é intensa. Não podia ser diferente. Essa é a primeira vez que Carvalho atua em vôo solo como diretor. Antes, tinha co-dirigido Cazuza, o tempo não pára, ao lado de Sandra Werneck, mas tem uma carreira longa como diretor de fotografia, que inclui filmes como Notícias de uma guerra particular, de João Moreira Sales, e Carandiru, de Hector Babenco. Chico Buarque também dá o ar da graça. Aparece no aeroporto de Budapeste com um sorriso amarelo só para pedir um autografo à José Costa.... ou melhor Kosta Josze... A inversão do nome é a inversão do personagem que passa de ghost no Brasil para autor na Hungria.