segunda-feira, 23 de novembro de 2009

2012 – Vou esperar o fim do mundo lexotan

É um filme só para telonas, porque além de um ou outro efeito especial, como ondas gigantescas, que quase atingem o topo do Everest, não tem muita graça assistir na televisão doméstica. Diríamos que é um Independence Day reloaded, com inspiração maia.

Dessa vez, o presidente politicamente correto dos Estados Unidos, afunda junto com o seu país. Nunca imaginei que Obama iria envelhecer tanto. Danny Glover fez Obama amanhã. Segundo o filme, um presidente que sucumbe a um ultratsunami.

O G8-1 é quem decide se vai abrir as portas da esperança para os abastados que ficam fora na “Arca de Noé 4”. Porque pobre só entrou naquela nave/arca pelo esgoto.

O mais interessante nesse filme é talvez perceber que o eixo sai dos Estados Unidos, embora o comandante da nave ainda seja um americano. Mas não fosse a competência dos chineses para construir as “naves” talvez nada estivesse pronto entre 2009 e 2012, quando eles começam a se preparar para o cataclisma. “Eles” quer dizer os chefes de estado e supermilionários. O povo não teve tempo nem de cavar a própria cova.

Quem descobre tudo é um jovem cientista indiano. Adivinha o que acontece com ele? Você acha que havia tíquete para salvar um indiano em um bilhão? Façam as suas apostas. Sinto informar que só tinha ingresso para o G8. Ah, quem levou o assunto para que os Estados Unidos discutam com o G8 é um jovem cientista negro americano. Olha eles ai outra vez. Vejam se ele morre?

Ah, novidade. Dessa vez pouparam de mostrar a estátua da Liberdade destroçada. Quem escolheram como substituto: o nosso Cristo Redentor. Houve até tempo de fazer um merchandising verde amarelo. Com o mundo acabando, a Globo News estava lá para filmar a submersão do Rio, que virou o marzão de meu Deus.

Pasmem: o mundo acabando e os protagonistas fazendo piadinha o tempo todo. Nunca vi gente tão animada à beira da morte. Melhor assim.

O herói, interpretado por John Cusack, não é um militar, mas um escritor de livros sobre “fim do mundo”, auto-ajuda no final das contas. Não dá para dizer que ele é decadente, pois nunca subiu. Mas ele é o salvador de quase toda a humanidade.

Nunca pensei que sobreviver ao fim do mundo desse tanto trabalho: ir dos EUA à China em menos de 24 horas, com escalas. Prefiro capotar com um Lexotan que com uma tsunami.

O diretor Roland Emmerich adora épicos destrutivos. A semelhança com Independence Day não é por acaso. Tem no currículo além deste filme: O dia depois do amanhã, Godzilla, Stargate e O Patriota. Explodir é com ele mesmo. Em 2012 o estrago é maior, crateras se abrem no supermercado, placas de solo se descolam dantescamente, ondas de alturas inimagináveis engolem cidades. A tsunami de Sumatra não chega nem no dedinho dos pés. Só faltou uma câmera filmando a desgraça do espaço.

O filme é uma boa pedida para quem gosta de aventura, dá para desligar um pouquinho e voar com o aviazinho desembestado sobre o Yellowstone National Park, ver a destruição de perto. Ainda bem que é ficção.

Agora, precisamos nos preparar para 2012. Quem sabe conseguimos restaurar a Santa Maria, a Pinta e a Nina a tempo. Se formos contratar novamente os franceses, sinto que vamos afundar como no ano 2000. Em 2012, quem comandará o barco tupiniquim... hein, hein, hein....? Ano que vem a gente escolhe.